terça-feira, 9 de setembro de 2014

Meet the Trio

Muitos de vocês nunca ouviram falar do trio formado atualmente por Matt Skiba (vocal e guitarra), Dan Andriano (vocal e baixo) e Derek Grant (bateria), afinal, o punk rock / rock alternativo nunca fez muito sucesso em terras tupiniquins, onde reinam o funk ostentação e o sertanejo universitário.

A banda de Illinois possui um estilo musical único. Não é um punk pesado como Pennywise, mas não é leve como Blink-182. O ponto forte das músicas são as letras, as quais tratam dos meus temas favoritos: a mente humana e suas loucuras, violência, tristeza (e suas razões) mas principalmente o amor.

Matt e Dan são dois poetas modernos e absurdamente geniais. Ambos possuem uma sensibilidade inacreditável, escrevem de forma sombria e excitante sobre como a vida pode ser, além de nos dizer com maestria quão incrível, mágica e dolorosa é a droga chamada amor.

Desde 2005 venho apreciando, cantando e refletindo sobre suas músicas, com uma sensação de que aprendo cada vez que leio, ouço e sinto suas músicas ao dirigir, tomar banho, ou pensar na vida deitado na minha cama. Chega de bla bla bla, aqui vão alguns exemplos:

01 - Private Eye



Essa música é sobre ciúmes e suspeitas que acabam com um relacionamento. Um cara é obcecado em resolver "o caso" de sua amada (por isso private eye - detetive particular) e, não descobrindo nada, acaba irritando a pessoa que ele ama. Em seguida ele passa o ano novo sozinho e decide que estava errado em ser tão desconfiado - "i'll be dead wrong and you'll be just fine". No entanto, num plot twist, a música dá a entender que ele estava certo e que a pessoa foi infiel, daí o "worth it to stand in line" e "you WON'T have to stop saying I love cops for anyone but me".

02 - This Could be Love

Uma música bem macabra, no melhor estilo Alkaline Trio. Trata da obsessão, amargura e dos sentimentos que aparecem ao final de um relacionamento importante. A música fala sobre uma espécie de relação de amor e ódio selvagem e louca entre duas pessoas que chega ao fim mas sem um ponto final. "You took me hostage" - segura ele no relacionamento - "and made your demands" - fazendo um monte de exigências as quais ele não poderia atender (talvez ser uma pessoa melhor, fazer as coisas que ela queria, etc) e, em seguida, quando ela notou que ele não poderia atender suas expectativas - "you cut off my fingers, one by one" - ela cortou lenta e dolorosamente o cara da vida dela. Tamo junto Skiba.

03 - Burn



Essa música genial trata de Deus, pecado, tentação e principalmente o medo das pessoas em viver, devido ao que é imposto tanto pelas religiões como pelos costumes da sociedade como certo e errado. A filosofia da música é: todos nós estamos destinados a cometer erros se realmente queremos adquirir sabedoria e aprender algo nessa vida, sendo que o problema é o MEDO das consequências, do castigo. Não deixe que o medo te impeça de viver. "Everyone learns faster on fire" - todo mundo aprende mais rápido em chamas.

04 - I Found Away



No começo dessa música é recitada uma passagem do poema épico "O Inferno de Dante". Dante se encontra na selva tenebrosa do erro e, eventualmente, se aventura pelo inferno e sobrevive. A música trata do amadurecimento que um relacionamento nos traz e da superação ao sairmos do inferno que é deixar de conviver com a pessoa que amávamos - "Over the fear and through the flames, i'm diving in".

05 - Lost and Rendered


A música é sobre o desespero de uma pessoa, sobre a depressão. No mundo de hoje é fácil não olharmos pros problemas dos outros e nos preocuparmos exclusivamente com os nossos. Às vezes as pessoas se sentem abandonadas, sem o mínimo de atenção dos outros e acabam até perdendo a vontade de viver. O relógio da música é o tempo que resta da sua vontade de viver. De longe minha música predileta da vida.

06 - This Addiction



A música compara uma paixão com o vício por heroína. A vontade de querer ficar com a pessoa toda hora, o delírio que é estar junto a ela. A letra dá a entender que os relacionamentos anteriores da personagem foram apenas drogas comuns que ele utilizava apenas para aguentar o dia, mas que agora ele está poupando o organismo para A droga, sendo que ele não tem a menor intenção de se reabilitar dela.

07 - I Wanna Be A Warhol



Uma música que exala desejo, uma obsessão romântica e sexual com uma ex-namorada que só o tem em suas memórias, mas ele não consegue, nem quer, esquecê-la. O título da música faz referência ao artista pop americano Andy Warhol (1931-1987), cuja imagem era estampada em latas de sopa e seu talento para a auto-publicidade fez dele um nome comum no final dos anos 60. Foi Warhol quem popularizou a frase "15 minutos de fama".

08 - Crawl



Crawl faz uma analogia entre o alcoolismo e um relacionamento ruim. Expõe aquela sensação de "saco cheio" de uma pessoa e as brigas, já insuportáveis, em que não consegue-se prestar o mínimo de atenção por conta da exaustão. "Never had a drink that I didn't like, Got a taste of you, threw up all night".

09 - Over and Out


Essa aqui teve direito até a entrevista com o Skiba explicando a letra. FODA:



Eu poderia continuar postando e filosofando sobre as outras 119 músicas que tenho da banda, mas acho que já consegui passar minha mensagem. Cada música tem uma letra especial, são extremamente bem pensadas e únicas, se referindo a alguma experiência ou reflexão dos caras. É exatamente essa qualidade da banda que me faz gostar tanto de ouvi-la. All hail the trio!

domingo, 7 de setembro de 2014

Ela é o Oceano



Ela é o oceano tumultuado,
o violento e rolante mar
que simula ser delicado
até que a fúria vem a se libertar.

tão vasto e tão interminável
sem limites, invalorável
uma vez o aceitei
e enquanto vagava pelas ondas, me apeguei.

sem o oceano agitado
sem o mar desordenado
sem a onda que me atira
e que nunca me libera.

a árida e seca terra cederia
sob meus pés em chamas
lembrando-me do mar que eu perdia
aquele, que secou às pressas.

mas o sal me deixa a definhar
nenhuma doçura consegue me saciar
somente o tempo dirá
se o amor essa trincheira preencherá.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Anjo em Exílio



O que se pode dizer de mim?
Imortal e cheio de amor,
nenhuma morte.
Para conhecer a morte,
eu sinto que deveria viver

Que nome diz respeito
ao vazio que suporta a existência
de uma luz sem sombra?
Pois me definiria.
Tenho medo de nada,
anseio por algo,
diminuindo,
como a compaixão das pessoas,
ser um povo assim como um indivíduo

Como não amar?
Eu sou o executor
mas eu não conheço o mal,
muito menos o amor.
Eu voo este céu
num piscar de olhos mel
que rasgam com a mera sugestão,
meu desejo, tentação.

Eu preferia estar no exílio,
cheio de amor
em espumas sinistras dos mortais,
lançadas por figuras sombrias
para que eu possa emergir do sofrimento
e devastar tudo o que
eu estava programado para ser.
Me tornar uma luz brilhante...
e livre.