terça-feira, 26 de agosto de 2014

As pessoas interessantes andam por aí, se escondendo.

Esses dias um amigo me indicou um texto que explora a falta de emoção nos relacionamentos e o fato de que conhecer novas pessoas não está sendo tão incrível como poderia ser. Me identifiquei bastante com o autor, uma vez que já me fiz essa pergunta diversas vezes: por onde andam as pessoas interessantes?


"Be yourself; everyone else is already taken." - Oscar Wilde 

Como o autor, vivi o limbo sentimental causado pelo amadurecimento, esperando que alguém aparecesse para de lá me tirar, desejando sentir a inspiração necessária que gerasse aquela vontade de se conectar com alguém. Minha conclusão é de que realmente anda difícil encontrar conexão emocional nos dias de hoje, tanto pelas razões expostas no texto (como os aplicativos tinderianos e a crescente efemeridade dos relacionamentos) como por outras que pretendo aqui expor.

Em um mundo de mais de 7 bilhões de pessoas é de se esperar que ficaríamos espantados com a grande variedade de gostos, personalidades e loucuras. Mas, infelizmente, a maioria das pessoas tende a se tornar semelhante aos outros, ignorando aquilo que as torna únicas, vítimas do influente fenômeno da padronização do século XXI - época em que ser feliz se traduz em ser popular, ter sucesso profissional, um carro novo e uma aparência impecavelmente copiada de outros.

A maioria tem os mesmos desejos, esperanças e sonhos. Queremos um bom emprego ou negócio para ganhar dinheiro e prestígio, para então passar os finais de semana colecionando momentos em forma de fotografias/selfies, com o questionável intuito de angariar a maior quantidade possível de likes nas redes sociais, deixando de viver tais momentos com a intensidade a que fazem jus e, ao mesmo tempo, fazendo uma propaganda enganosa de nós para os outros e para nós mesmos.

Sendo assim, percebo que em grande escala somos únicos, como aqueles vídeos e textos inspiradores insistem em dizer. Cada pessoa é de fato diferente. No entanto, numa escala menor, somos o mesmo do mesmo - uma sociedade de abelhas onde o papel de cada um é previamente definido, onde cumprir expectativas alheias é sinônimo de sucesso, sendo que a verdadeira personalidade e as prioridades pessoais ficam engavetadas e trancadas dentro de nós, a ponto de sentirmos vergonha de abrir tal compartimento.

Observo pessoas que precisam ser políticas, no sentido bajulador da palavra, para sobreviverem. Dissimulando e interpretando uma personagem para conseguirem agradar, cometendo um atentado contra a própria personalidade. Tais pessoas até conseguem de certa forma satisfazer aqueles ao seu redor, negociando a sua identidade, pagando o preço todos os dias ao se olhar no espelho e saber que não são quem elas são. Como uma doença contagiosa, tal atitude se espalha pela violenta transmissora que é a sociedade moderna e seus meios de comunicação de massa.

Em  um mundo de mais de 7 bilhões de pessoas penso que mais delas poderiam prender a nossa atenção, nos surpreender. Deixo minha gaveta aberta e, quando eu conheço uma pessoa (tanto amigos como paixões) que me pega de surpresa, alguém que é verdadeiramente único e autêntico, eu procuro mantê-la em minha vida. Acredito que as pessoas interessantes andam ao nosso lado, afinal, todos tem o potencial dentro de si, faltando em alguns apenas a vontade de pegar a chave daquela gaveta e realizar um simples movimento - o de viver e não o de existir. Nossa identidade não tem preço e nunca deveria ser negociada, apenas aperfeiçoada pela sabedoria.

Finalizo com a seguinte cena de um dos meus filmes preferidos, a qual ilustra bem o que eu quero dizer:



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

tudo o que sou




...uma vaga memória
tecida no som
do farfalhar das folhas

uma sensação de vazio
espalhada pelo teu coração
pelo mais suave dos ventos

um suspiro melancólico
sobre o brilho fugaz
de uma estrela cadente

apenas mais um ar exalado
substituído pelo próximo
um sussurro, capturado por teias de aranha

as sementes de um dente de leão
espalhadas por toda a vastidão
da saudade dolorosa

tudo o que sou
uma história
escrita nas areias de tempos perdidos

palavra por palavra solitária
suavemente levadas
pelas implacáveis ondas
do esquecimento...

Não se Contente com Estrelas




Ame como o Sol
ama a Terra
desde quando se conhecem
eles dançam todos os dias

O Sol faz a Terra
olhar para o lado mais brilhante
a Terra dá ao Sol
razão para acordar

Ame como a Terra
ama o Sol
porque a Terra não se distrai
pelas estrelas nem pela lua.