Esses dias um amigo me indicou um texto que explora a falta de emoção nos relacionamentos e o fato de que conhecer novas pessoas não está sendo tão incrível como poderia ser. Me identifiquei bastante com o autor, uma vez que já me fiz essa pergunta diversas vezes: por onde andam as pessoas interessantes?
Como o autor, vivi o limbo sentimental causado pelo amadurecimento, esperando que alguém aparecesse para de lá me tirar, desejando sentir a inspiração necessária que gerasse aquela vontade de se conectar com alguém. Minha conclusão é de que realmente anda difícil encontrar conexão emocional nos dias de hoje, tanto pelas razões expostas no texto (como os aplicativos tinderianos e a crescente efemeridade dos relacionamentos) como por outras que pretendo aqui expor.
Em um mundo de mais de 7 bilhões de pessoas é de se esperar que ficaríamos espantados com a grande variedade de gostos, personalidades e loucuras. Mas, infelizmente, a maioria das pessoas tende a se tornar semelhante aos outros, ignorando aquilo que as torna únicas, vítimas do influente fenômeno da padronização do século XXI - época em que ser feliz se traduz em ser popular, ter sucesso profissional, um carro novo e uma aparência impecavelmente copiada de outros.
A maioria tem os mesmos desejos, esperanças e sonhos. Queremos um bom emprego ou negócio para ganhar dinheiro e prestígio, para então passar os finais de semana colecionando momentos em forma de fotografias/selfies, com o questionável intuito de angariar a maior quantidade possível de likes nas redes sociais, deixando de viver tais momentos com a intensidade a que fazem jus e, ao mesmo tempo, fazendo uma propaganda enganosa de nós para os outros e para nós mesmos.
Sendo assim, percebo que em grande escala somos únicos, como aqueles vídeos e textos inspiradores insistem em dizer. Cada pessoa é de fato diferente. No entanto, numa escala menor, somos o mesmo do mesmo - uma sociedade de abelhas onde o papel de cada um é previamente definido, onde cumprir expectativas alheias é sinônimo de sucesso, sendo que a verdadeira personalidade e as prioridades pessoais ficam engavetadas e trancadas dentro de nós, a ponto de sentirmos vergonha de abrir tal compartimento.
Observo pessoas que precisam ser políticas, no sentido bajulador da palavra, para sobreviverem. Dissimulando e interpretando uma personagem para conseguirem agradar, cometendo um atentado contra a própria personalidade. Tais pessoas até conseguem de certa forma satisfazer aqueles ao seu redor, negociando a sua identidade, pagando o preço todos os dias ao se olhar no espelho e saber que não são quem elas são. Como uma doença contagiosa, tal atitude se espalha pela violenta transmissora que é a sociedade moderna e seus meios de comunicação de massa.
Em um mundo de mais de 7 bilhões de pessoas penso que mais delas poderiam prender a nossa atenção, nos surpreender. Deixo minha gaveta aberta e, quando eu conheço uma pessoa (tanto amigos como paixões) que me pega de surpresa, alguém que é verdadeiramente único e autêntico, eu procuro mantê-la em minha vida. Acredito que as pessoas interessantes andam ao nosso lado, afinal, todos tem o potencial dentro de si, faltando em alguns apenas a vontade de pegar a chave daquela gaveta e realizar um simples movimento - o de viver e não o de existir. Nossa identidade não tem preço e nunca deveria ser negociada, apenas aperfeiçoada pela sabedoria.
Finalizo com a seguinte cena de um dos meus filmes preferidos, a qual ilustra bem o que eu quero dizer:
Finalizo com a seguinte cena de um dos meus filmes preferidos, a qual ilustra bem o que eu quero dizer: