quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Love Early On

Sou um cara solteiro de vinte e tantos anos, que atualmente zomba a ideia de casamento como ele é e das expectativas da sociedade sobre quando as pessoas devem se casar. Alguns já ouviram minha opinião sobre as pressões que sofremos por conta da nossa bagagem histórica e cultural que leva a maioria das pessoas a rapidamente escolher uma faculdade e depois arranjar um emprego para depois casar, ter filhos e se "estabelecer" cedo nessa vida.

Isso tudo nem sempre é certo e desejável para todos.



Hoje sou (infinitamente) menos idealista, mais independente e forte - ficar solteiro por um tempo razóavel certamente fez com que tudo isso acontecesse. Mas preciso lhe confessar que às vezes me pego desejando ter encontrado o amor mais cedo na minha vida.

Quando eu estava no final da minha adolescência, eu me apaixonava imprudentemente. Sempre enxergava potencial nas pessoas que me interessavam para o futuro e pequenas falhas nunca me incomodavam, porque elas eram apenas isso - pequenas falhas.

Havia um grande misto de excitação e esperança sem igual, incomparável com o que eu sinto agora quando eu começo a sair com alguém.

Definiria tudo como uma explosão de hormônios e emoções.

Eu era jovem e apaixonado - naqueles tempos isso bastava. Hoje em dia lembro-me desses sentimentos enquanto eu navego em encontros cegos e romances de Tinder com cautela, desejando que tudo voltasse a ser fácil como fora outrora.

Estudo as pessoas que só conhecem esse tipo ingênuo de amor - o tipo fácil e simples, que não envolve esse turbilhão de ideias geradas pela maturidade.

Entre quando eu senti pela primeira vez borboletas no estômago por uma guria e agora, aprendi o outro lado do amor, sobre o qual já escrevi nesse blog.

Percebi que à medida que ficamos mais velhos, os riscos aumentam, o que pode tirar um pouco da graça de se apaixonar. Você não está mais apenas passando tempo com a pessoa que faz o teu coração bater mais rápido pelo simples prazer de fazê-lo. Há expectativas do outro lado, uma vez que estamos caminhando para a vida "adulta" e fomos criados em uma sociedade com bagagem cultural fortemente cristã.

Todo mundo se torna uma combinação de prós e contras meticulosamente analisados.

Você não pode sair com alguém por algumas semanas sem que teus amigos e a família comecem a perguntar se aquilo já é "sério". Muitas vezes não posso ficar com alguém por algumas semanas sem que eu seja questionado por tal pessoa sobre essa "seriedade". O que é sério? Pra que serve isso?

O que costumava ser divertido tornou-se uma confusão de prazos e expectativas.
   

Eu sei o que você quer dizer para mim - cada caminho é diferente e as nossas experiências moldam quem somos e que um dia, alguém vai aparecer e fará tudo isso valer a pena. E na real? Eu acredito nisso. Pelo menos alguns dias da semana.

Mas eu não deixo de me perguntar o que seria ter evitado certas angústias. Ter me apaixonado definitivamente aos 20 e nunca ter conhecido o Tinder, participado de encontros cegos ou ter que adivinhar o significado de mensagens de texto enigmáticas.

Teria sido mais fácil? Seria eu mais feliz?

Provavelmente seria apenas um caminho diferente, cheio de desafios próprios. Eu nunca saberei, uma vez que não encontrei o amor cedo na vida.

Eu ainda tenho esperança. Espero que a guria certa, com cabeça aberta e paixão por longas conversas e prazeres apareça na minha vida para que eu me apaixone com facilidade e de forma pacífica, sem cobranças do porquê eu não respondi o WhatsApp em menos de 7 segundos ou do porquê eu quis sair sozinho em determinado final de semana. Algo divertido, emocionante e com infinitas possibilidades.

E, enquanto isso, acho que continuarei brincando no Tinder, indo em péssimos encontros e rindo disso com meus amigos enquanto tomamos umas.

Até mesmo porque, um dia, essas histórias serão apenas lembranças engraçadas.

sábado, 17 de janeiro de 2015

The Man In The High Castle

Quem já teve uma conversa um pouco mais profunda comigo sabe que sou extremamente fascinado por história. Quem já brisou comigo, sabe que uma das minhas brisas favoritas é se perguntar: "e se tal coisa tivesse acontecido em determinado momento da história, como a humanidade estaria?". Responder a tais perguntas sem respostas e ler artigos de historiadores que se dão a esse trabalho são grandes deleites da minha vida. A Amazon Prime ouviu as preces do meu subconsciente hiperativo e faminto por discussões ao decidir adaptar o maravilhoso livro "what if" que é The Man In The High Castle, de Philip K. Dick, em uma série televisiva.


A série se passa no ano de 1962, num mundo em que as potências do eixo venceram a segunda guerra mundial. A Alemanha, o Japão e a Itália, numa espécie de Tratado de Tordesilhas moderno, dividem o domínio do mundo entre si.

DETALHES GEOPOLÍTICOS!

A história trata da perspectiva de diversas pessoas vivendo nos Estados Unidos derrotados. A visão de Dick deste cenário alternativo é tensa e perturbadora, nos providenciando uma dura sensação de como as coisas poderiam ser caso os aliados perdessem a segunda guerra.

A fantasia de Dick começa em 1933, quando Roosevelt é assassinado antes de conseguir se tornar o forte e decisivo presidente, o qual implementaria diversas políticas que culminariam nos Estados Unidos vitoriosos e em ascenção global no período pós guerra. Nessa história, os dois presidentes posteriores são fracos e não conseguem estabilizar os EUA nos anos pós grande depressão.

Como os americanos se encontram fracos e submissos ao crescente poder da Alemanha nazista e do Japão imperial, eles se mantém neutros, não auxiliando a Grã-Bretanha, França e a Rússia na grande guerra. Rapidamente a Alemanha conquista seus inimigos de forma definitiva em 1941.

Os japoneses tomam proveito da fraca situação dos EUA e atacam Pearl Harbor, destruíndo a frota pacífica americana em um único dia e, logo após, invadem o Hawaii. Nos próximos anos, os EUA são invadidos pelas forças do eixo, com o Japão conquistando a a costa oeste e os nazistas a leste. Em 1947 todos os oponentes das forças do eixo se rendem.

São Francisco, CA

Logo após, os EUA são divididos entre Japão e Alemanha, sendo que as cadeias montanhosas se mantiveram independentes e servem como fronteira entre os dois impérios. Na Europa as coisas são muito piores, uma vez que os nazistas aplicam políticas horrendas em nome do avanço científico. Por conta disso, a tecnologia avança de forma mais rápida do que em nossa realidade. Um exemplo é a drenagem do mar mediterrâneo, tornando-o em uma planície fértil.

Um mega holocausto ocorre contra a população eslava. Milhões são mortos em um genocídio, exterminando as culturas polonesa e russa, além da igreja ortodoxa. Os poucos eslavos sobreviventes se encontram em refúgios na américa do norte e na sibéria. O holocausto também acontece na África, e a escravidão negra é reimplementada pelos nazistas. Nos EUA do leste, aqueles que são considerados fracos ou inúteis para o novo regime também são exterminados.

Times Square, NY

Aguardo ansiosamente para ver como eles irão adaptar o tema da ilusão versus realidade que aparece na obra de Dick, além da necessidade pública de se encaixar nessa nova sociedade que leva as pessoas a fazerem (ou ignorarem) quase todo e qualquer absurdo. Fico feliz de investirem numa série com um tema histórico-social-psicológico tão rico. Que a série seja um sucesso e inspire pessoas a se interessarem mais pelos estudos históricos que sempre explicaram e explicam os porquês das nossas políticas globais e das nossas diferenças socioculturais.