sexta-feira, 1 de maio de 2015

Personalidade de Vícios

Acredito piamente que pouquíssimas coisas na vida possam ser divididas simplesmente em boas ou ruins. Preto ou branco. A vida é cinza.



Gosto de imaginar que há uma fresta de esperança detrás até mesmo da mais escura das nuvens de uma tempestade.

É questão de perspectiva.

Às vezes o seu ponto de vista, em um determinado momento, simplesmente não vai permitir que você veja o verdadeiro significado de acontecimentos na vida que possam ser classificados como ruins; como não passar num vestibular, conseguir uma vaga de emprego muito almejada ou o fim daquele relacionamento.

A vida pode parar para nós - pelo menos temporariamente. Mas, muitas vezes, nós vamos olhar para trás, exatamente para esses eventos traumáticos, e dizer: "Até que não foi tão ruim como eu pensava". Eu mesmo sempre comentei com um amigo em determinadas situações pontuais: "Cara, um dia vamos lembrar disso e RACHAR."

Talvez após alguns meses no ninho da solidão e dos relacionamentos superficiais você tenha encontrado um(a) guri(a) "melhor" - ou um emprego que lhe satisfaça da forma que aquele, outrora dos teus sonhos, jamais o faria (aconteceu comigo!). O tempo tem esse poder incrível de nos fazer enxergar a pior catástrofe de nossas vidas como uma bênção.

Este conceito não é, de forma alguma, limitado apenas a relacionamentos ou trabalho. É uma mentalidade que você pode transpor a praticamente qualquer coisa que a vida lhe imponha - enquanto você mantiver uma perspectiva positiva. 

Minha "personalidade de vícios" começou a ser a maneira de lidar com as minhas diversas catástrofes pessoais a partir do momento que tomei consciência dela e me conheci melhor.

À primeira vista pode parecer que eu esteja querendo levar vocês para um caminho louco/retardado cuja única saída seja um centro de reabilitação ou manicômio. Prometo que minha definição de personalidade de vícios não envolve toxicodependência ou qualquer outra coisa insana (só um cadinho).

Apenas a suscetibilidade ao vício - e um entusiasmo absurdo para as coisas. O Exagero!

Acredite, se você canalizar suas paixões corretamente, você vai desejar o sucesso tanto quanto um fumante deseja o primeiro cigarro do dia.

De acordo com o site alcoholrehab.com (site internacional da luta contra alcoolismo e drogas), nem todas as pessoas com tendências a vícios vão para o fundo do poço. Muitos são líderes em suas profissões, sendo que tais "revés psicológicos" foram fundamentais para que alcançassem suas posições de sucesso.

Ao delinearmos as características notáveis da personalidade de vícios e canalizando-as para os resultados positivos, conseguimos mudar a maneira de enxergar a nossa própria disposição.
  


Paixão pelas Coisas


Caso você tenha uma personalidade de vícios, será inerentemente mais apaixonado pelas coisas do que seus pares. Embora isso possa soar como algo grandioso - cuidado - há uma linha tênue entre paixão e obsessão.

Sua paixão pode ser o seu maior trunfo, como também pode ser a sua ruína. É necessário certo esforço para distribuir essa paixão num campo mais amplo de interesses, com o intuito de evitar a fixação por uma só coisa ou atividade.

Por outro lado, faça o que fizer, não suprima essa paixão. Há sempre coisas novas e interessantes na vida - ao invés de meramente se privar de fazer algo irrazoável no contexto do momento, aplique toda essa energia em outro lugar e pare de ficar remoendo aquela impossibilidade/inconveniência.

Ansiedade Louca por Emoções


Ah, o desejo constante por excitação que define os seres com essa personalidade. Necessitamos da nossa dose semanal (ou diária) de emoção e estamos constantemente à procura de uma fonte de estímulo - seja um livro, uma série de televisão, um projeto e, principalmente, gente interessante.

Para garantir que você não seja uma vítima de vícios prejudiciais, recomendo manter-se ocupado com atividades construtivas (o que não significa atividades necessariamente ligadas ao trabalho). Caso suas intenções sejam, por exemplo, ganhar dinheiro com a sua arte, pesquise as suas opções, converse com pessoas do ramo, dê a cara a tapa e se anime com tudo que tal escolha pode te proporcionar - se esforçar com um objetivo claro em mente é bem mais fácil.

Utilizemos nossa grande tendência de criar hábitos para criarmos bons hábitos. Ler, conversar com estranhos (o "cara de pau way of life"), escrever, se manter sempre atualizado em seu campo de trabalho - tudo isso aumenta as chances de nos excitarmos com nossas próprias aspirações, que nos torna mais completos, interessantes e vivos a cada "vício" desenvolvido. 

Se defina e tome as rédeas da própria vida.

Riscos


Possuímos afinidade com a ideia de assumir riscos e seus desafios. Naturalmente, há um senso de vulnerabilidade que acompanha tal assunção.

Diante deste fato, acredito ser bom termos algo a perder. Significa que aquela coisa, ideia ou pessoa que conquistamos possui grande valor para nós - o que é admirável por si só.

Riscos fazem parte de nossas vidas, como também do sucesso. As conquistas mais notáveis da história da humanidade podiam ter dado errado em algum momento e só aconteceram porque alguém teve o culhão de arriscar muito para continuar lutando pelos seus ideais.

Exemplo de um cara que arriscou tudo (literalmente TUDO) por um ideal próprio: Mohandas Karamchand Gandhi.

Ao pular de cara nos desafios inerentes ao "novo" da vida, certifique-se de que você tem certa noção (uma vez que a certeza é impossível) das consequências potenciais de um passo em falso, apenas para que você fique pronto para se reerguer caso seja necessário.

Inconformismo


Há uma fortíssima ligação entre o inconformismo e pessoas com personalidades de vícios. Em diversas situações, nos vemos como rebeldes, agindo de acordo com ideais que não são necessariamente previstos pelas consolidadas "regras" da sociedade.

Steve Jobs, por exemplo, se envolveu com uma variedade de drogas, quase nunca (ou nunca?) usava sapatos (o que seria um crime previsto em diversos dress codes empresariais por aí!) e implementou a ideologia do inconformismo em seu ambiente de trabalho - trazendo de lambuja mudança para o mundo em que vivia.

Dito isto, é de suma importância lembrar que o mundo não gira em torno de você ou da sua linha de raciocínio - nem todos conseguirão enxergar o mundo da sua forma maravilhosa e única, por mais que você se esforce muito na explicação.

Seja paciente (tive calafrios ao escrever essa palavra que representa a antítese da minha essência). Seja respeitoso e, ao longo do tempo, aplique sua visão delicadamente e a desenvolva gradualmente. Há uma boa chance de seus pontos de vista "absurdos" serem compreendidos e até admirados. O sucesso é o mestre da persuasão quando se trata de mudar a opinião das pessoas.

Falei que era uma questão de perspectiva.